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Muitas vezes me pego pensando no passado, e quando as
memórias me vem, sou incapaz de segurar as lágrimas.
É difícil lembrar de um momento maravilhoso e saber que
aquilo nunca mais acontecerá. Nunca
mais vou viver na casa dos meus pais como criança, ralar o joelho e correr para
minha mãe, ter um pesadelo a noite e ser acalentada por meu pai. A decisão mais
difícil da minha vida não será somente escolher qual Barbie eu quero, ou se
gosto mais de sorvete de morango ou chocolate.
Nada do que vivi irá se repetir. O que mais me magoa é que essas memórias nunca sairão da
minha mente, nunca serão compartilhadas com o mundo. Quando eu me for elas
simplesmente me acompanharão, alcançarão o esquecimento em um estalar de dedos
e tudo será perdido.
Esquecimento, nunca havia parado para pensar no real
significado dessa palavra. Apenas recentemente me deixei levar e enfrentei a
verdadeira essência do termo.
É agoniante saber que um dia ninguém mais vai se lembrar de
mim, na verdade é agoniante saber que um dia, eu e tudo aquilo que acredito/conheço ficará perdido no vazio eterno. Tudo o que fiz, defendi, possui e
almejei, não passará de uma mera bolha de sabão, que assim como outras logo
estourará, e caminhará para o fim.
Eu não queria
crescer, não queria sofrer, não queria entender a vida. Eu só queria parar o
tempo, e eternizar minhas lembranças.
Queria que tudo que passei acontecesse novamente, queria reviver cada segundo da minha vida,
pois a ideia das coisas irem embora é avassaladora.
Sabendo que o esquecimento inevitável só me resta aceitar esse fardo, porque só
assim viverei plenamente, e darei valor a cada folha, pessoa e ser que já
passou por minha vida. Quando o esquecimento chegar, quero ter certeza que vivi
o que tinha que viver, que fui quem realmente eu era, que deixei minha
pequenina marca nesse mundo, que me conheci inteiramente.
-Karla
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